Thursday, January 04, 2007

em resposta a soniassrj...

Esse post se originou de uma mensagem que seria, na verdade, um comentário ao post "NUNCA ANTES NESSEPAIS", de 03/Jan/07, no blog SoniaSSRJ, mas que, por ter se alongado em demasia - mais do que a boa educação recomendaria, decidi postar aqui para não incomodar eletronicamente as mensagens dos outros amigos da minha amiga SoniaSSRJ. Aqui vai, pois, o dito:

SoniaSSRJ,

Não é só voce que está em estado semi-letárgico em função do clima que nos cerca... Muitos blogueiros, creio, estão de férias e paralisaram suas atividades bloguistas por um período... Aguardemos...

Quanto à sua notícia, explorei-a um pouco mais e cheguei a umas conclusões e outras tantas dúvidas, as quais eu gostaria de repartir com voce e com os nossos amigos que, ou não estão em férias, ou, estando em férias, passam-nas pilotando seus computadores pelas infovias (quando não são incomodadas pelo servidor do Blogger, o qual acaba de cuspir fora o último comentário que eu fiz aqui e que, agora, está perdido em algum lugar do limbo internético)...

A notícia dá conta de que o (por eles denominado) Governo brasileiro assinou um acordo de cooperação técnica com a empresa sul-africana Denel para terminar o desenvolvimento de um míssil, no qual a empresa já aplicou uma considerável soma de recursos. O valor do contrato é de R$300 milhões e terá, a princípio, alguma continuação.

O Brasil tem pessoal técnico capacitado para participar ativamente no desenvolvimento desse tipo de armamento. Não os fabricamos aqui porque a indústria bélica perdeu o seu rumo com o fim dos governos militares e porque, a não ser pontualmente, não existe nível tecnológico para o seu processo produtivo (fabricação e testes). Assim, do ponto de vista tecnológico, o acordo é interessante. Entretanto, em um país onde 12 milhões de bolsas famílias são distribuídas como assistência social, onde índios mal nutridos morrem ao nascer, pessoas idosas aposentadas não conseguem receber os benefícios pelos quais elas pagaram durante toda a sua vida, a saúde é um caos e os hospitais são, em sua maioria, antros onde se esconde o descaso público, o sistema educativo, em todos os níveis, é (para ser otimista) decadente, um acordo dessa natureza é moralmente injustificável.

Essas foram as conclusões. Agora, as dúvidas...

Alguém, no passado, cavou o termo Belíndia para traduzir o que acontecia com o Brasil. Algumas ilhas tão avançadas como a Bélgica cercadas por uma mar de atraso que parecia a Índia. Esse termo está em desuso, até porque é a Índia, e não o Brasil, que está mudando o rumo das comparações. Pois, bem! Sigamos... Com o tempo, surgiram várias dessas ilhas, cada uma com um certo nível de desenvolvimento adequado à sua região. Elas que se acham cada vez mais cercadas por uma miséria social e econômica que beira a indigência africana... Assim, vários níveis de Bélgica e vários níveis de Índia (a de antes, não a de hoje) surgiram e se espalharam pelo País. Enquanto, nas bélgicas, se anda quase que ao ritmo de primeiro mundo, nas indias a coisa toda muda...

Não se pode impedir que as nossas bélgicas sejam tolhidas em seu desenvolvimento pelas nossas índias. Mas, não se pode, com isso, deixar para trás as nossas índias, ou corremos o risco de secessão... Como sair desse impasse? Como fazem outros países em situações semelhantes?

É para apontar caminhos, indicar os rumos, avaliar os prós e os contras, tomar as decisões, estabelecer metas e objetivos que existem os líderes nas nações. Homens desse quilate nós não temos aqui. E é por isso que o Brasil está à deriva! Não temos líderes. O que existe são pessoas interessadas em promoção pessoal, ou na manutenção do status quo (são raras as exceções), pois desfrutam de algum conforto material e dele não abrirão mão. Na falta de homens públicos que norteiem os nossos caminhos para o futuro, o Brasil continuará à deriva, até encalhar solidamente nos rochedos do subdesenvolvimento, ou afundar tristemente no mar das incompetências...

6 comments:

Anonymous said...

Querido, vc foi fundo e ficou brilhante a sua postagem.
Vou postar novo comentário no meu blog, recomendando a leitura deste informativo.
Obrigada por me ajudar a completar um pensamento.
Abraços
SôniaSSRJ

Suzy said...

Gilrang,
o mais triste é constatar que o Brasil não consegue ter uma oposição digna nem à sua solidificação no subdesenvolvimento, justamente pela pobreza moral dos supostos "líderes" públicos nessa terra onde o que prolifera são os conceitos jurássicos da américa espanhola!

Grande Abraço

Anonymous said...

Meu Caro
Vim apenas lhe agradecer a preciosa participação em meu blog.
Sua opinião é muito importante.
Obrigada!

Ricardo Campos said...

Caro Gilrang

Acabei de visitar seu blog e encontrei o texto em resposta ao post da caríssima Sônia (do SSRJ) que me chamou a atenção em dois momentos. A saber:

"Alguém, no passado, cavou o termo Belíndia para traduzir o que acontecia com o Brasil. Algumas ilhas tão avançadas como a Bélgica cercadas por uma mar de atraso que parecia a Índia. Esse termo está em desuso, até porque é a Índia, e não o Brasil, que está mudando o rumo das comparações. Pois, bem! Sigamos... Com o tempo, surgiram várias dessas ilhas, cada uma com um certo nível de desenvolvimento adequado à sua região. Elas que se acham cada vez mais cercadas por uma miséria social e econômica que beira a indigência africana... Assim, vários níveis de Bélgica e vários níveis de Índia (a de antes, não a de hoje) surgiram e se espalharam pelo País. Enquanto, nas bélgicas, se anda quase que ao ritmo de primeiro mundo, nas indias a coisa toda muda..."

Bom, tal comparação se mostra vetusta em seus dois aspectos. Primeiro porque a Índia continua sendo um país de gravíssimas diferenças sociais, como pode ser constatado no documentário vencedor do Oscar “Nascidos em Bordéis” (Born into Brothels). O propalado desenvolvimento acontece em setores específicos da sociedade.

As ilhas de desenvolvimento a que você se refere receberam uma denominação muito peculiar dada pelo geógrafo Milton Santos: espaços luminosos e espaços opacos. Evidentemente que é nos espaços luminosos que se encontra o pequeno estrato social com acesso às benesses de uma economia de mercado e, até mesmo, o acesso ao aparelho público disponibilizado pelo governo (estradas, avenidas, parques, museus, teatros e escolas). Por sua vez, os espaços opacos dependem exclusivamente da capacidade criativa dos seus habitantes que, diariamente, reinventam atividades econômicas dentro do espaço vivido.

Seu texto traz uma análise lúcida quando afirma que uma miséria social e econômica cerca os espaços opacos. A grande preocupação dos políticos deveria repousar no trato com esta parcela da população. Os espaços luminosos são perfeitamente capazes de reproduzir o ciclo virtuoso no qual estão inseridos.

"Não se pode impedir que as nossas bélgicas sejam tolhidas em seu desenvolvimento pelas nossas índias. Mas, não se pode, com isso, deixar para trás as nossas índias, ou corremos o risco de secessão... Como sair desse impasse? Como fazem outros países em situações semelhantes?"

Aqui a resposta é um pouco mais complexa, e depende do sentido que você dá ao termo “justiça social”. Você entende que o correto seria incluir os espaços opacos nos espaços luminosos? Se sim, então a solução é dividir o bolo da riqueza produzida no país. Principalmente aquela proveniente do fluxo interminável de capital especulativo de agentes financeiros. É importante conquistar cada vez mais os IED (Investimentos Externos Diretos) que efetivamente se transformam em benefício a curto prazo para a população necessitada. Se sua resposta à pergunta anterior for negativa convido-o, então, a argumentar seu ponto de vista lá no meu blog: o “orbis terrarum”

Um abraço,
Ricardo Safra, estudante de Geografia.

P.S. Parabéns pelo Blog!

Ricardo Rayol said...

Vou deixar aqui o mesmo comentario que deixei lá.. é o maior e mais caro supositório jamais produzido

patricia m. said...

Eh... A India vai nos passar... A antiga parte "India" esta mais para os paises africanos agora, tao ao gosto do amado presidente. Uh huuu!!! Podemos cunhar um novo nome... Que tal Belcongo? Ou Beliopia? Ou Belitreia? Pode ate ser Beludao.... Guerra civil ja temos...